17/09/2020 - 16:09:00

ANTECIPAÇÃO DE OUTORGAS NÃO REDUZIRÁ APETITE DA RUMO EM NOVOS PROJETOS DO SETOR FERROVIÁRIO, DIZ DIRETOR

ANTECIPAÇÃO DE OUTORGAS NÃO REDUZIRÁ APETITE DA RUMO EM NOVOS PROJETOS DO SETOR FERROVIÁRIO, DIZ DIRETOR

O pagamento de R$ 5,1 bilhões antecipados das outorgas previstas para as concessões da Malha Paulista e da Malha Central vão ampliar a capacidade da Rumo de entrar em novos negócios do setor ferroviário. É o que avalia o diretor de Assuntos Regulatórios da Rumo, Guilherme Penin.

O pagamento foi concretizado na última terça-feira (15) em cerimônia no Ministério da Infraestrutura com a presença do ministro Tarcísio de Freitas, que afirmou que o pagamento antecipado é sinal de confiança da empresa no país. A cerimônia foi transmitida neste link.

Penin explicou que a operação foi garantida pela captação de R$ 6,4 bilhões de recursos no mercado de ações que a empresa fez no mês passado, que já foi pensada para essa finalidade. A empresa avaliou que o pagamento a valor presente, com WACC de 11,04%, no qual as futuras parcelas não sofrem correções, é uma operação financeiramente vantajosa para a empresa e demonstra, ainda, compromisso da companhia com o desenvolvimento do setor.

"Queremos passar com clareza para a sociedade que levamos com seriedade os compromissos assumidos", disse Penin, lembrando que o histórico da concessão da Malha Paulista, quando era administrada pela ALL, de não pagar as outorgas previstas foi motivo de questionamentos no momento da renovação do contrato.

Segundo Penin, com a antecipação, a empresa não ficará sem caixa para fazer os investimentos necessários nas duas concessões e ainda entrar em outros negócios que o governo pretende fazer no setor, entre eles a renovação antecipada da Malha Sul de ferrovias, também operada por ela. 

A empresa espera o governo qualificar a proposta no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), o que está prometido pelo governo para a próxima reunião. Após a qualificação, a empresa recebe o termo de referência e só então encaminha o plano de negócios com a proposta para renovação.

Colchão para reequilíbrios
A antecipação corresponde a cerca de 85% dos recursos devidos ao longo dos 30 anos de concessão dessas duas malhas. Os 15% restantes, segundo Penin, não foram pagos por uma questão de cautela para reequilíbrios de contratos que já estão previstos para as duas concessionárias. 

No caso da Norte-Sul, por exemplo, está previsto em contrato que a empresa pode cobrar do governo por problemas que identificar nos trechos da via que foram construídos pela Valec e estiverem fora do que foi previsto.

Dinheiro para o Tesouro
Os R$ 5,1 bilhões pagos pela Rumo vão para o Tesouro. Quando houve a renovação, o ministro afirmou em entrevista coletiva que parte das outorgas da renovação da Malha Paulista poderiam ser usadas no chamado mecanismo de investimentos cruzados, o que agora não tem mais chance de ocorrer.

Em seu discurso na assinatura, Freitas ressaltou a demonstração de confiança no projeto e no país que a Rumo dá ao antecipar os recursos que poderiam ser pagos somente ao longo de anos e que o país segue com o compromisso de solvência fiscal.

"Estamos comprometidos com a infraestrutura. Mostra também que estamos comprometidos com o ajuste fiscal, com os pilares fiscais, com o teto de gastos, com a solvência e com todos os benefícios que a solvência nos traz, a redução de taxa de juros, o aumento de confiança e a redução do nosso prêmio de risco estrutural", disse Freitas.

O ministro afirmou ainda que para a próxima reunião do PPI pretende qualificar projetos rodoviários que ajudem a levar carga da região do Matopiba – região produtora de grãos no interior dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – para a Ferrovia Norte-Sul, como forma de baratear o transporte dessas cargas que hoje vão direto para os portos por caminhão.

"100%" em novos projetos
Beto Abreu, presidente da Rumo, afirmou em seu discurso na cerimônia que com a antecipação, o caixa da empresa fica com cerca de R$ 600 milhões livres a cada trimestre, que serão "100%" usados em novos projetos do setor, confirmando a confiança nos projetos de infraestrutura que estão sendo lançados pelo governo federal.  

Abreu ressaltou ainda a velocidade do governo para liberar o pagamento, informando que em 24 horas após a captação da empresa no mercado a documentação necessária para o pagamento estava pronta.