27/05/2021 - 10:16:00

PAVIMENTO RÍGIDO PODE GERAR ECONOMIA DE 5 BILHÕES DE LITROS DE COMBUSTÍVEL/ANO, DIZ ASSOCIAÇÃO

PAVIMENTO RÍGIDO PODE GERAR ECONOMIA DE 5 BILHÕES DE LITROS DE COMBUSTÍVEL/ANO, DIZ ASSOCIAÇÃO

Usado em apenas 3% das rodovias brasileiras, o pavimento rígido de cimento poderia levar a uma economia de 5,3 bilhões de litros de combustível de veículos de carga por ano se fosse adotado em toda a malha rodoviária nacional, o que representaria um gasto estimado em R$ 20 bilhões/ano a menos só com esse item.

É o que aponta um relatório da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) que adaptou para as condições brasileiras, pela primeira vez, um estudo de 2018 do MIT (Massachusetts Institute of Technology) que comparou o uso do pavimento rígido contra o do pavimento flexível, que no Brasil é feito com asfalto. O trabalho do MIT está neste link e uma apresentação sobre o estudo para o Brasil, neste link.

O trabalho de campo feito no MIT buscou comparar os impactos nos veículos que andam em pavimentos flexíveis e rígidos. Segundo o engenheiro Fernão Dias Paes Leme, especialista de projetos da ABCP, a medição apontou que os pavimentos rígidos levam a um consumo 7,5% menor de combustível que no uso de pavimentos flexíveis.

Ele explicou que a economia se dá pelo fato do pavimento rígido não sofrer deflexão. Com isso, os veículos tem que fazer um esforço menor para o movimento, o que leva a um gasto menor de combustível.

Esse efeito é perceptível em veículos de carga e, por isso, o estudo brasileiro utilizou dados oficiais sobre o número de caminhões em circulação no país e quanto a frota trafega em média. Dessa equação foi obtido o dado de economia que faz parte do trabalho brasileiro.

Segundo Paes Leme, não foram feitos estudos nas condições brasileiras, que poderiam levar a números até superiores, devido a alguns fatores como a idade da frota de caminhões, que é mais antiga, e a qualidade do asfalto no Brasil, apontada como abaixo da média em pesquisas já realizadas no país.

O impacto menor no uso dos combustíveis teria efeito também de reduzir as emissões de CO2 em 18 milhões de toneladas ao ano, de acordo com o trabalho. Segundo ele, essa quantidade de partículas é neutralizada por 1 bilhão de árvores (ou 10 milhões de hectares de florestas).

Preconceito
Paes Leme ainda atribui ao preconceito a falta de uso de cimento em obras rodoviárias no Brasil. Ele conta que em sua graduação, quando aprendeu sobre pavimentação de rodovias, as aulas foram somente sobre pavimento flexível e, no fim do curso, o professor disse que havia outro tipo de pavimento, mas que não era usado porque era muito caro.

Segundo ele, a indústria recolheu dados de que atualmente as obras com pavimento rígido já não são mais caras que as de pavimento flexível. Em levantamento de cinco obras realizadas, elas foram entre 3% e 22% mais baratas na implantação que as feitas com pavimento flexível.

Além disso, o pavimento rígido tem maior durabilidade e menor custo de conservação, com previsão de que dure por cerca de 20 anos, em média, contra 10 dos pavimentos flexíveis.

"Mas, infelizmente, continuam ensinando assim até hoje", disse Valter Frigieri, diretor de mercado da ABCP.