15/04/2021 - 10:02:00

SUCESSO DE LEILÕES ESTÁ EM OBTER EMPRESAS PARA GERIR ATIVOS, NÃO NO ÁGIO, AVALIA ADVOGADO

SUCESSO DE LEILÕES ESTÁ EM OBTER EMPRESAS PARA GERIR ATIVOS, NÃO NO ÁGIO, AVALIA ADVOGADO

O sucesso dos leilões de infraestrutura da semana passada está mais na captação de grandes empresas para executar os projetos do que na arrecadação de outorgas ou supostos lances ousados dos vencedores. Essa é a avaliação dos participantes do programa Infra em Pauta de segunda-feira (12), disponível neste link, que também tratou da desestatização da Cedae e da polêmica sobre a geração distribuída de energia.

Felipe Graziano, da Giamundo Neto Advogados Associados, afirmou que havia alguma dificuldade por causa da pandemia da Covid-19 em várias empresas para ter caixa para entrar nas disputas, o que torna o resultado ainda mais positivo. Já Maurício Portugal Ribeiro, da Portugal Ribeiro Advogados, lembrou que o fato do leilão ser bem sucedido não está nos ágios elevados, mas na qualidade dos players que entraram.

"É impossível, olhando de fora, você comentar [sobre os valores de lance em leilão]", afirmou Ribeiro, dizendo ser esse um ponto irrelevante para afirmar ou não se houve sucesso num leilão.

Graziano lembrou ainda que fazer leilões que tenham valores referenciais mais baixos é uma estratégia que vem se mostrando bem sucedida, por poder trazer mais competidores. Já sobre a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), Graziano explicou que o fato de a vencedora BAMIN dominar os principais riscos do projeto deixava a companhia como praticamente o único competidor, o que acabou se confirmando.

Sinal amarelo
Para Marcos Ganut, diretor de Infraestrutura da Alvarez & Marsal, havia uma expectativa para se saber se os leilões previstos para este mês não configurariam uma superoferta de ativos num momento de pandemia, o que para ele não se configurou, sendo a surpresa mais positiva dos leilões.

Ele acredita que os próximos leilões de grande porte do mês, como as concessões de linhas da CPTM (São Paulo), da Cedae (Rio de Janeiro) e da BR-153/TO-GO, podem ter players diferentes. Mesmo sem novos entrantes nos leilões da semana passada, empresas estrangeiras gestoras de ativos de infraestrutura e grandes fundos de investimentos continuam avaliando ativos nacionais, disse o diretor.

Para Ganut, a não participação de novas empresas nas disputas é um sinal amarelo, o que para ele pode estar relacionado às intervenções de governo e de segurança jurídica no setor. O diretor lembrou ainda que considera ser uma avaliação errada que os ativos brasileiros ficam mais atraentes se há desvalorização do real, por exemplo.

Segundo ele, para contratos de longo prazo, os investidores preferem a estabilidade, já que depois terão receitas em reais e, se a moeda continuar a se desvalorizar, será mais difícil recuperar o investimento feito em moeda estrangeira.

Próximos aeroportos
Para Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, o bem sucedido leilão de aeroportos foi um teste para "aeroportos chaves" do país, como os de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), que seguem sendo os ativos com maior interesse do mercado. 

"O resultado no setor aéreo mostra como os investidores nacionais e internacionais estão confiantes na potencialidade do país em relação aos negócios, agronegócios e turismo", avaliou Quintella.